sebenta de anotações esparsas, pensamentos ociosos, reflexões cadentes, poemas difusos, introspecções de uma filosofia mais ou menos opaca dos meus dias (ou + reminiscências melómanas, translúcidas, intra e extra-sensoriais, erógenas, esquizofrénicas ou obsessivas dos meus dias)
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cahier de notes éparses, pensées oisives, réflexions filantes, poèmes diffus, introspections d'une philosophie plus ou moins opaque de mes journées (ou + de réminiscences mélomanes, translucides, intra-sensorielles et extra-sensorielles, érogènes, schizophrènes ou obsessionnelles de mes journées)

quinta-feira, 1 de junho de 2017

EDITORIAL: O repto dos 10 mil

No Luxemburgo, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, deixou um repto: se houver 10 mil novos portugueses inscritos nos cadernos eleitorais até 13 de julho, voltará ao Grão-Ducado antes do fim do ano. 

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, esteve em visita ao Grão-Ducado entre segunda e quinta-feira, durante três dias e meio. E meio, porque o hiperativo Marcelo, que chegou na segunda-feira às 20h ao Findel, noite em que não tinha encontros na agenda oficial, logo aceitou uma entrevista com o Contacto e a Rádio Latina, falou às televisões portuguesas que o seguiam como a sua sombra, aceitou um convite do grão-duque Henri para descobrir a cidade do Luxemburgo “by night”, passeio durante o qual meteu conversa com transeuntes e “puxou” o habitualmente reservado soberano luxemburguês para entrar num café português, onde num televisor passava um jogo do seu clube do coração, o Sporting de Braga.

Durante os três dias, Marcelo, apesar de uma agenda carregada, incansavelmente pediu, apelou, repetiu para que os portugueses se inscrevam nas listas eleitorais das suas comunas de residência, para poderem votar nas eleições municipais de 8 de outubro próximo. A data limite para a inscrição é 13 de julho.

Marcelo confiou estar triste e não compreender as razões que levam os portugueses a não utilizarem este direito que lhes assiste para serem uma força ainda maior na sociedade luxemburguesa. No último dia da sua visita [quinta-feira], perante representantes da comunidade reunidos no Centro Camões, em Merl, subiu o tom e disse que se zangaria com os seus conterrâneos se estes não se inscrevessem.

Horas mais tarde, na sua última intervenção pública antes de deixar o Luxemburgo e dirigindo-se aos milhares de portugueses que o tinham vindo ver a Wiltz, uma multidão em euforia que gritava o seu nome, sentiu que graças à sua popularidade podia ir ainda mais longe. E deixou um repto: se houver 10 mil novos portugueses inscritos até 13 de julho voltará ao Grão-Ducado antes do fim do ano.

Apesar da popularidade de que goza Marcelo, própria de uma estrela pop como pudemos testemunhar em Wiltz, será muito difícil a comunidade portuguesa conseguir levar a bom termo o desafio. Seria necessário que entre o dia do “apelo de Marcelo”, 25 de maio, e a data de fim das inscrições, 13 de julho, a cada dia se inscrevessem 208 portugueses nos cadernos eleitorais. Só fretando autocarros e carrinhas e levando os portugueses em grupo até às comunas...

Fora de piada, seria possível se cada português se inscrevesse na sua comuna para se tornar uma força a nível político assim como já o é no mundo do trabalho e da economia. Porque só votando contará para partidos e governantes, só com a força do voto poderá exigir mais direitos para si e para os seus filhos.

O direito de voto nas eleições comunais existe desde 1999. Apenas 17 mil portugueses, dos mais de 100 mil que aqui moram, estão inscritos. É pena. É possível mudar a situação? É! Basta querer.

José Luís Correia
in Contacto, 31.05.2017

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