A Última Ceia... segundo Miguel Câncio Martins
O restaurante "The Last Supper", no Kirchberg, é a última criação do arquite
Miguel Câncio Martins tem a sua agência MCM baseada em Paris mas é hoje solicitado para projectos nos quatro cantos do Mundo. Aos 43 anos é um dos nomes confirmados na arte de conceber interiores para lojas, discotecas, bares e restaurantes. As suas c riações caracterizam-se por serem simultaneamente acolhedoras e extravagantes, o que à partida pode parecer contraditório. Não para Câncio Martins, que assim se inscreve e precedeu mesmo a tendência dos espaços de lazer lounge (confortáveis e acolhedores) que se multiplicaram na última década.
O sucesso granjeado deveu-se a projectos como o Buddha Bar, o Barfly, o Jaiphour, em Paris, o Pacha, em Marraquexe, o Man Ray, em Nova Iorque, ou o Strictly hush, em Londres, que se tornaram moradas de prestígio. Em Portugal assinou trabalhos co mo o Hotel Heritage ou a loja Vista Alegre, em Lisboa. E trabalha actualmente em dois projectos de hotel, um do grupo Hilton, no Algarve, outro na Comporta, no Alentejo, além no de um restaurante, no Chiado.
No Luxemburgo, a sua primeira criação data de 2001 e é sobejamente conhecida: o acolhedor e sumptuoso restaurante Opium, em Alzingen, inspirado no Buddha Bar, criado para o seu amigo luxemburguês Nico Lanter. Entretanto, concebeu igualmente o restaurante Lux-E Cosi (44, av. Pasteur, no Limpertsberg), de Dina Camacho, também uma amiga.
Conceber um restaurante no Luxemburgo ou alhures no mundo não é a mesma coisa?, é a pergunta que nos vem de chofre quando nos cruzamos com Câncio Martins.
"Ir a um restaurante aqui ou noutra parte do mundo, e apesar de a acção ser a mesma – comer! –, tudo depende das características das pessoas que aí vivem. Antes de avançarmos com um projecto tentamos apre

Quando Nico Lanter o voltou a solicitar para que criasse um segundo Opium no Grão-Ducado, Câncio confia que foi ele quem dissuadiu o luxemburguês de criar um sucedâneo no Kirchberg para que não constituísse concorrência ao de Alzingen, que funciona bem e com uma clientela cativa. Concordaram então num restaurante de inspiração italiana, de conceito contemporâneo e que se adaptasse à "fauna" diurna e nocturna que frequenta o bairro.
O nome do restaurante "The Last Supper" (inspirado no quadro "A Última Ceia", de Leonardo da Vinci, reproduzido por cima da garrafeira) foi também ideia do arquitecto português, que logo imaginou a decoração – o jogo das molduras e dos estofos dourados com os ton s escuros e os espelhos, a luz tamisada, os lustres majestosos, o mobiliário exclusivo e os painéis renascentistas de Da Vinci e Miguel Ângelo que ornam tectos e paredes. Foi também ele que decidiu o espaço a ocupar e como. O restaurante estende-se sobre 500 m2, com as fachadas frente e traseira em vidro como únicos focos de luz do dia, e que, quando penetradas pelo sol, esta quase adquire origem transcendental. Ao centro, a dividir o espaço, o bar longo e semi-curvo, separado da cozinha por uma vidraça vermelha que permite ao cliente ver como a

A PARTILHA DO PÃO
Aberto desde o início de Junho, um dos conceitos do restaurante "The Last Supper" (n°33 da av. J.F. Kennedy, no Kirchberg) é "a partilha do pão", ideia repescada da última ceia entre Jesus Cristo e seus discípulos. O que na prática se traduz por poder ir "roubar" o pão à mesa ao lado. Se o vizinho não entender o acto inopinado, é favor pô-lo ao corrente dos costumes da cas a, para evitar o incidente diplomático.
"As pessoas ao princípio estranhavam, mas a ideia tem funcionado", afirmam os responsáveis.
Situado no bairro europeu da capital, no edifício Ellipse do complexo arquitectural K2, o restaurante quer-se à imagem do mundo de executivos que o rodeia, aliando alta qualidade e requinte. Num quadro tamisado, confortável e acolhedor, concebido pelo arquitecto Miguel Câncio Martins (ver artigo principal) o restaurante inclui um bar, um espaço lou nge e está aberto das 7 à 1h da manhã, podendo o cliente tomar o pequeno-almoço mas também o último cocktail antes de regressar a casa.
O chefe-cozinheiro Emmanuel Moine (2 estrelas Michelin) preparou uma ementa que alia cozinha francesa e internacional a pensar nas papilas da clientela cosmopolita. No cardápio encontramos agradados desde pratos do Sul como o gaspacho de tomate com sorvete de pepino, pérolas asiáticas como a sopa thai com gengibre, ou os consistentes americanos, à semelhança da entremeada de porco marinada à Nova Orleans.
O estacionamento junto ao local é facilitado através de parque subterrâneo do edifício pa ra clientes. O restaurante encerra aos sábados, à hora do meio-dia, e aos domingos.
O OUTRO TOQUE PORTUGUÊS
José Luís Correia, in Contacto, 02.07.08
Sem comentários:
Enviar um comentário